Por onde canta o Ivo?

Ivo agora está livre da matéria e da dor, sua voz muito mais vibrante e seu humor mais ácido, acredito que exista lá, perto de uma estrela não muito quente, uma caixa de cerveja virada aonde ele se sentará e assistirá os seus melhores momentos, assim como fazia no Sinézio.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Blues do Sul - Rio de Janeiro, 1979


IVO
A música do Sul não vem de
sandálias havaianas

Jornal do Brasil, Rio de Janeiro
Sexta-feira, 02 de fevereiro de 1979
(acervo Suka Rodrigues)


Um misto de música caipira com som elétrico e mensagem político-social. Essa é a definição de Ivo, cantor e compositor gaúcho fixado em Curitiba, para o tipo de música que ele e o conjunto Blindagem apresentam hoje e amanhã no Teatro Opinião, à meia-noite. A definição pode soar estranha, como também tem causado uma certa admiração o tipo de Ivo e dos componentes do Blindagem, de cabelos longuíssimos.

Mas Ivo Rodrigues não se abala:

 - Muitos perguntam porque ainda estamos nessa. Mas é isso mesmo. falamos com o "r" carregado e viemos com a bota cheia de esterco. Não há jeito de mudar. Não vamos vir para o Rio de sandália havaiana e prancha de surf.

Na entrevista concedida no Opinião, durante os ensaios de ontem à tarde, Ivo olhava para o teatro e sorria. Diz que adorou a casa. Sempre tinha ouvido falar nela e agora estava lá, se apresentando.
Não é a primeira passagem pelo Rio, mas é sua estréia musical aqui!
Uma estréia que comemora 20 anos de carreira que podem espantar pelo rosto jovem de Ivo.

Na realidade, ele começou a vida profissional aos sete anos, nos programas infantis da Rádio Clube Paranaense. Depois vieram os conjuntos inspirados nos grupos de rock do início da década de 60, Rolling Stones e Beatles ("já pensou se o George Harrison viesse aqui nos ver"), os ídolos da época.

Com muitas gírias e palavras típicas do Sul, Ivo vai explicando:

- Neste show, Blues do Sul, vamos apresentar uma verdadeira salada musical que ninguém ainda fez do jeito que nós estamos fazendo. Há o caipiroso, o sertanejo, o som elétrico. Há reggae, hard-rock, jazz, blues.

Ivo diz que na época do Beatles, mesclou tudo:

- Muitos dizem que eu faço rock. Não, eu faço música popular brasileira. Não tenho culpa se cresci ouvindo rock e mastigando chicletes. Mas não é só o som. A mensagem da letra nos preocupa. Ela pode ser simples, mas o que diz é pra bater na cabeça mesmo.

Sempre sorrindo, Ivo explica que este é um show para agradar desde os guris (através do som) aos mais velhos (através da letra). E dá um exemplo de letra com preocupação política: Verdura, que em determinado momento diz que "vendi meus filhos para uma família americana... pois assim iam conhecer Copacabana":

- É mais para o PTB. Mas essa letra foi censurada.

O parceiro de Ivo é Paulo Leminski, poeta concretista. Outras letras têm a participação de Toninho Martins Vaz, produtor e diretor do espetáculo.

A vinda ao Rio é importante para o grupo também como abertura de mercado. Muito conhecidos em todo o Sul do país, Ivo e o Grupo Blindagem querem mostrar a música de lá "neste centro que também tem muito da música nordestina".






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TRIBUTO AO ROCK PARANAENSE

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foto Ademir Gomes Jr