No blog do Solda,
várias fotos, vídeos e textos de amigos:
Guairão, 2007
foto de Alberto Melo Viana
foto de Gereba
poema do Solda
Ivo, anos 70
foto de Dico Kremer
Solda, uma modesta homenagem ao grande Ivo quando privávamos de longos, engraçados, criativos, poéticos, musicais, etílicos, enfumaçados papos chez Leminski. Tardes imensas de domingos curtindo (coisa antiga!) juntos uma amizade fraterna com todos os que lá iam, a fugir da mesmice dos parques, churrascos e futebol. Viva o Ivo. Forever. Dico Kremer.
foto de Alberto Melo Viana
Este Blindagem eu ganhei em 1981, ainda em vinil, de Paulo Leminski, quando trabalhávamos na Múltipla Propaganda. A capa e a logo foram feitas pelo Lee Swain, véio de guerra. Foi neste vinil que ouvi pela primeira vez um reggae que não era de auto ajuda, fora do marasmo carlos que reinava na época. Coisa de Leminski /Ivo Rodrigues. Solda.
Sou legal, eu sei
Sou legal, eu sei
Agora só falta
Convencer a lei
Que eu sou real eu sei
Agora só falta
Convencer o Rei
Eu sei que eu sou legal
O duro é provar
Que eu sou legal eu sei
Mas isso não sei
Se vão deixar dizer
Eu sei que tudo mais
Vai pro beleléu
A terra
O mar
O céu
Mas nessa hora eu quero mais estar
Com a turma do pinel
Cliquem lá, tem isso e muito mais nos arquivos do Solda!
No blog do Toninho Vaz
Com o Ivo cantei muitos rocks rurais
Morre em Curitiba o músico Ivo Rodrigues, o Ivo da Chave e da banda Blindagem. Talentoso cantor e guitarrista, meu amigo desde os anos 60, era o cara que me transportava a Woodstock sempre que eu precisava estar lá.
Quando entrei num boteco no balneário de Matinhos, no Paraná, numa noite de verão, pra tomar uma cerveja, ele estava nos fundos, tocando violão e cantando (como se estivesse em Woodstock) Do you wanna dance? de Johnny Reevers. A voz solta e os cabelos compridos chegaram primeiro e fui logo me manifestando na segunda música:
- Bicho, você gosta de tocar o que eu gosto de ouvir.
Ele mandou outras de igual calibre, Beatles, Donovan, Ronnie Cord,... Nos tornamos amigos próximos, com tratamento de compadre, muitas viagens, baseados, sempre a caminho do rio das pedras, na estrada para Santa Catarina. Dois casais (as namoradas também eram amigas), duas barracas e o violão.
O Ivo estava começando a se notabilizar como o vocalista d´A Chave, a banda que tinha também o Orlando, o Eli e o Zito, no contra-baixo, logo substituído pelo Carlão Gaertner. O Ivo e o cenário da Casa Branca, nas Mercês: tudo a ver.
Foram dias certos e criativos e nossas visitas a casa de Paulo Leminski e Alice, nas Mercês e depois no Pilarzinho, eram verdadeiros orgasmos coletivos em torno de música e poesia. Sorte minha por estar sempre ao lado dos dois, ouvindo o Ivo cantar e o Paulo poetar.
(Para aqueles que têm um exemplar da biografia Paulo Leminski, o bandido que sabia latim, existe algum registro destes encontros a partir da página 140).
Mas não está no gibi a visita que o Ivo nos fez à casa da rua Xavier Leal, em Ipanema, nos anos 80, Ele ligou antes dizendo que estava a caminho e quando chegou foi logo tirando uma fita cassete do bolso, explicando que era o playback do disco que estava gravando com a banda Blindagem (gravadora Continental), em São Paulo. “Está tudo ensaiado”, ele disse, Sentou-se no chão, à altura das caixas, deu um play no aparelho e começou a cantar. Cantou inspirado o disco inteiro... Foi simplesmente espetacular: Sou legal eu sei, Não posso ver, Marinheiro, todas... Não houve interrupção... Ele se exibiu muito pra Naná, que durante anos lembraria esta cena como um momento mágico e deslumbrante na vida de todos nós. (Eu tive a oportunidade de conversar com o Ivo, tempos depois, sobre este dia e sobre aquela luz.)
Impossível, no calor da despedida, fazer um relato fiel ou mesmo aproximado dos vários talentos do Ivo, como cantor, ator (foi o destaque na versão apresentada no Teatro Guaira para o Rock Horror Show) ou daquilo que vivemos juntos como amigos. Perdi muito da minha inocência hoje.
Toninho Vaz, de Santa Teresa
No blog da Lina Faria
Hoje tudo choveu em Curitiba.
Choveu um pedaço da efervescente
e genial geração anos 70.
Choveram os rostos, os cabelos,
tudo se fluiu, tudo escorreu naquela sala
cheia de roqueiros, artistas, bicho grilos, politicos,
toda a cidade passando
e reverenciando Ivo Rodrigues,
nosso roqueiro maior.
Uma sala enorme do Teatro Guaira,
onde eu já havia ido me despedir da Lalá Scheneider,
toda tomada.
Se no da Lala me ocupei de assistir
emocionada meu amigo Beto Bruel,
premiadíssimo iluminador de teatro,
a se equilibrar em cima de uma escada
para acertar uma boa luz sobre a face da amiga morta, dessa vez foi a Dani Regis,
com os olhos tristes e assustados,
como se não esperasse que ele fosse embora,
fez tambem eu me escorrer em lágrimas.
Um vídeo do Blindagem
rolava numa TV.
Vendo o Ivo,
pura energia, pura chama vertical
a dançar e soltar seu vozeirão
na caixinha no fundo da sala,
e ele na horizontal, estático em primeiro plano,
me lembrou Mondrian dançando jazz,
com suas linhas ao fundo.
Uma bela imagem pra se
deixar na memória.
Valeu, Ivo!
http://naftalina55.blogspot.com/
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